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GASES DE EFEITO ESTUFA (GEE) como tópico material ESG

Um resumo de setores intensivos em emissões de gases de efeito estufa (GEE) e indicadores necessários para gestão e acompanhamento deste tópico.

Este tópico endereça as emissões que contribuem para o aquecimento global, assim chamadas devido às suas características moleculares que colaboram para o efeito estufa, de acordo com o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC)(1). Neste artigo, para identificação dos setores intensivos, foram consideradas especificamente as emissões diretas (escopo 1) de gases de efeito estufa (GEE), ou seja, as emissões geradas por meio de suas operações, dentro dos limites organizacionais. Utilizamos essa abordagem para que possamos identificar os setores em que as empresas possuem ação direta sobre esse tópico, ou seja, têm a possibilidade de controlar e influenciar seus resultados de performance.

As emissões diretas de GEE são aquelas provenientes de fontes estacionárias (fornos, caldeiras, etc.) e móveis (veículos de transporte como carros, caminhões, aviões, etc.), que são resultado da queima de combustíveis fósseis ou de uma combustão incompleta. Incluem-se ainda as emissões provenientes de processos produtivos, durante atividades de transformação ou extração de recursos naturais, geração interna de energia, uso da terra, emissões fugitivas ou devido ao uso de produtos não-energéticos como óleos e graxas, por exemplo.

Para cada contexto empresarial específico, as fontes e o volume emitido por cada fonte podem ser identificados por meio de um inventário de emissões GEE. Os GEE abrangidos pelo Protocolo de Quioto que geralmente integram esse inventário são: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hidrofluorocarbonetos (HFCs), perfluorocarbonetos (PFCs), hexafluoreto de enxofre (SF6).

Conforme mencionamos na nossa postagem de março 2024, segundo investidores, 80% dos tópicos materiais relacionados à sustentabilidade das empresas estão diretamente relacionados com o setor em que operam. Sendo assim, aproveitando a abordagem setorial das normas SASB (Sustainability Accounting Standard Board) que integram a Fundação IFRS (International Financial Reporting Standards), iremos elencar os setores intensivos em emissões de GEE, onde esse tópico é considerado material. Além disso, mencionaremos os principais conteúdos e indicadores de desempenho relacionados a esse tópico que precisam ser relatados conforme as normas IFRS S2 Climate-related Disclosures (2) e SASB.

Setores intensivos

Segundo as normas SASB, como parte dos aspectos Ambientais, o tópico “EMISSÕES DE GEE” foi mapeado como material para cerca de 25 setores entre os 77 abrangidos por essas normas, ou seja 32% (3). Para estes setores, o relato de indicadores (métricas), descrição de políticas e estratégias para evitar a emissão de GEE é requerido, tendo-se em vista seu impacto no valor da empresa. Além disso, a gestão de riscos regulatórios, conformidade ambiental, riscos reputacionais e oportunidades também devem ser endereçados.

Abaixo são listados, de forma agrupada, os principais setores onde as emissões de GEE precisam ser identificadas, geridas e relatadas:

– Processamento de Matérias Primas e Minerais: mineração e metalurgia; fabricação de materiais de construção em geral; produtores de ferro e aço; petróleo e gás (incluindo exploração e produção, midstream, refino, comercialização e serviços).

– Alimentos e Bebidas: produtos agrícolas; varejistas e distribuidores; produção de carnes, aves e laticínios; bebidas em geral.

– Saude: distribuidores de produtos e equipamentos médicos e farmacêuticos.

– Infraestrutura: geração e fornecimento de energia; gestão de resíduos.

– Recursos renováveis e energias alternativas: papel e celulose.

– Indústria de transformação: químico; embalagens.

– Tecnologia e comunicação: semicondutores.

– Transporte: frete e logística aérea; companhias aéreas; linhas de cruzeiros; transporte marítimo, rodoviário e ferroviário.

É importante lembrar que a listagem feita aqui não pretende ser exaustiva ou eximir determinadas empresas ou setores das preocupações a respeito de suas emissões de GEE. Cada empresa precisa analisar seus impactos em relação a este tópico: processos, produtos e matérias primas utilizados e capazes de gerar emissões. Além disso, para além do setor de atuação, a materialidade de um determinado tópico também passa pela missão geral da organização, sua estratégia competitiva, riscos envolvidos, bem como preocupações diretamente expressas por stakeholders.

Conteúdos e Indicadores de emissões GEE

A norma IFRS S2 Climate-related Disclosures exige a divulgação de informações sobre riscos e oportunidades relacionados às mudanças climáticas, que possam afetar os fluxos de caixa da entidade, o seu acesso a financiamentos ou seu custo de capital no curto, médio ou longo prazo. Sendo assim, podemos citar de forma resumida, alguns dos conteúdos exigidos:

– Governança: corpo ou indivíduos responsáveis pela supervisão do tema, os processos, controles e procedimentos utilizados para monitorar, gerir e supervisionar os riscos e oportunidades relacionados ao clima.

– Estratégia: como os riscos climáticos e suas oportunidades afetam o modelo de negócios e sua a cadeia de valor; qual o plano de transição e resiliência da entidade relacionados ao clima.

Processos: com a entidade identifica, avalia, prioriza e monitora os riscos e oportunidades relacionados com o clima; a integração desses processos ao processo global de gestão de riscos da entidade; e

– Desempenho: os resultados em termos de emissões absolutas (toneladas de CO2 equivalente) classificadas nos escopos 1 (emissões diretas), 2 (emissões indiretas por uso de energia) e 3 (outras emissões indiretas), e o progresso em direção às metas definidas pela própria entidade, e quaisquer metas que seja obrigada a cumprir por lei ou regulamentação aplicável.

Avaliando-se as normas SASB para alguns setores intensivos, pode-se citar alguns dos principais indicadores e métricas de desempenho em emissões de GEE a serem mapeados e geridos pelas empresas como:

– Emissões diretas e absolutas dos GEEs (Escopo 1) expressas em toneladas de CO2 equivalente e porcentagem coberta por regulamentação limitante.

– Discussão de longo e curto prazo sobre a estratégia para gerenciar estas emissões, metas de redução e uma análise de desempenho em relação a essas metas.

– Consumo de combustíveis da frota de veículos própria e percentual renovável.

Além dos efeitos adversos das mudanças climáticas para os negócios, as emissões de GEE podem criar custos ou penalidades de conformidade regulatória e riscos operacionais e reputacionais para empresas, sobretudo aquelas com geração intensiva destas emissões. Por outro lado, a adoção de medidas de mitigação ou design de produtos com menos emissões podem trazer oportunidades para valorização e competitividade das empresas. Portanto, a gestão e acompanhamento deste tema, com envolvimento da alta direção é fundamental, além do desenvolvimento de estratégias de transição energética envolvendo fontes renováveis e de menor impacto climático.

Quer saber mais a respeito? Clique aqui e entre em contato conosco.

Referências:

(1) Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). Data Distribution Center. “Glossary,”Disponível em: https://www.ipcc-data.org/guidelines/pages/glossary/glossary_fg.html. Acesso em 12/04/2024.

(2) IFRS S2 Climate-Related Disclosures. IFRS® Sustainability Disclosure Standard. June 2023

(3) SASB STANDARDS – https://www.sasb.org/standards/materiality-finder/find/?lang=en-us